Programas federais de inserção da tecnologia na escola
O que esta página contém:
1. Programas federais de inserção da tecnologia na escola
2. BNCC e Programa de Inovação Educação Conectada
Nosso percurso histórico tem início no I Seminário Nacional de Informática na Educação, realizado em 1983, quando foi formulada pela Comissão Especial de Informática da Educação (CE/IE) a proposta do Projeto Brasileiro de Informática na Educação (Educom) para a inserção dos computadores nas escolas públicas brasileiras. Em sua fase experimental, previa a implantação de centros-piloto localizados em universidades. Receberam a primeira fase do projeto cinco instituições: Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Os centros-piloto tinham como objetivo criar ambientes educacionais baseados no uso do computador como recurso facilitador do processo de ensino e aprendizagem. Seu desafio estava na mudança da abordagem educacional. De uma educação centrada no ensino para uma abordagem centrada no protagonismo do aluno com a realização de atividades via computadores. O esforço focou na formação de pesquisadores e na criação de eixos de pesquisa, desenvolvimento de metodologias de ensino e softwares educacionais, oferta de atividades de formação.
Foram desenvolvidas nessas instituições linhas de investigação específicas para o campo das Tecnologias na Educação, focando o trabalho em pesquisa, formação de recursos humanos, produção de softwares educativos e uso do computador na educação especial.
Originou a Coordenação de Informática da Educação Superior, trabalhando as áreas de tecnologia educacional, tecnologia de software educacional e investigações sobre os efeitos sociais, culturais e éticos provocados pelo uso do computador no processo educacional. Também oferecia cursos de especialização em tecnologia educacional e de informática.
UFRJ
UFMG
Focou sua atuação nas questões da interdisciplinaridade com base na visão construtivista da educação, discutindo as implicações sociais, políticas e culturais da chegada dos computadores na educação. Suas pesquisas focaram na problematização da informatização de escolas, desenvolvimento e avaliação de Programas Educativos pelo computador (PECs).
UFPE
Ofertou cursos extensionistas para alunos da licenciatura em pedagogia; informática na educação especial com pesquisas voltadas para o desenvolvimento de metodologias de ensino apropriadas para surdos e atividades de educação musical com uso de computadores. Tais eixos atendiam o público de professores das redes municipal e estadual de ensino básico.
UFRGS
Deu continuidade aos trabalhos iniciados no Laboratório de Estudos Cognitivos (LEC), criado em 1973, com investigações sobre as contribuições do uso de computadores nos processos de ensino e aprendizagem, focando assim como a UFPE, na educação especial.
Unicamp
Atuou nos eixos da formação de recursos humanos, avaliação de programas educativos e desenvolvimento de metodologias de ensino com uso de computadores.
A necessária expansão das ações de formação geraram o segundo projeto integrante do nosso histórico: o Formar. Iniciado em 1987, foi responsável pela criação do primeiro curso de Informática na Educação. Seu objetivo foi capacitar professores e técnicos das redes públicas de ensino para atuarem em centros de informática educativa. O projeto ofertava cursos intensivos sobre o uso das TDIC na prática pedagógica. Os participantes do programa eram responsáveis por implantar Centros de Informática nos Estados, possuindo autonomia para definir as propostas pedagógicas. Eles dividiam-se em: Centros de Informática Aplicada à Educação de 1º e 2º grau (CIED) para as Secretarias de Educação Estadual; Centros de Informática na Educação Tecnológica (CIET) nas Escolas Técnicas Federais; e Centros de Informática na Educação Superior (CIES) nas Universidades. Entre 1988 a 1989 foram implantados 17 Centros de Informática em diferentes estados da Federação. Seus integrantes formavam grupos interdisciplinares de educadores, técnicos e especialistas com vivência em programas computacionais. Os centros atendiam alunos, professores do 1º e 2º grau da rede pública de ensino, além de multiplicadores e comunidade em geral.
Com o crescimento dos investimentos brasileiros em informática na educação, em 1988 a Organização dos Estados Americanos (OEA) convidou o Ministério da Educação para avaliar o projeto de Informática Aplicada à Educação Básica do México. A parceria resultou na formulação de um projeto multinacional de cooperação técnica e financeira, composto por oito países americanos, implementado no período de 1990 a 1995.
Ainda em 1989, o MEC iniciou o Programa Nacional de Informática na Educação (PRONINFE), registrado na Portaria Ministerial n. 549/89. Seu objetivo foi desenvolver a informática educativa no Brasil nos sistemas públicos de ensino, fomentando a criação de infraestrutura nas escolas com a instalação de centros, subcentros e laboratórios de informática. As ações incluíam também a capacitação de professores de modo frequente e permanente como estratégia para o crescimento gradual da competência tecnológica.

No período de 1989 a 1995, o PRONINFE apresentou os seguintes resultados:
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44 Centros de Informática implantados na Educação Básica de Ensino;
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400 subcentros implantados, por iniciativas de governos estaduais e municipais, a partir do modelo de planejamento iniciado pelo Projeto EDUCOM;
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400 laboratórios de informática educativa em escolas públicas foram financiados por governos estaduais e municipais;
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Mais de 10.000 profissionais receberam capacitação para trabalhar em informática educativa no país.
Em 9 de abril de 1997 a Portaria nº 522/MEC lança o Programa Nacional de Informática na Educação (Proinfo). Suas ações incluíam instrumentalizar as escolas com computadores, recursos digitais e conteúdos educacionais. O Proinfo foi regulamentado pelo Decreto nº 6.300, de 12 de dezembro de 2007, passando a denominar-se Programa Nacional de Tecnologia Educacional.
Para participar do Proinfo, os estados e municípios interessados deveriam incluir o pedido de aquisição na adesão ao Plano de Ações Articuladas (PAR). Após a adesão e com a aprovação do PAR, o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) repassava recursos para as projetos selecionados. O financiamento permitiu a implantação de milhares de salas e laboratórios informatizados nas comunidades escolares urbanas e rurais. A meta era atingir 138.405 escolas em 2010. Segundo dados da Secretaria de Educação a Distância (Seed), em 2002 haviam 4.812 laboratórios implantados, chegando a 94.100 laboratórios em 2008.
Além dos recursos distribuídos pelo FNDE, outras ações foram sendo integradas ao Proinfo. Com o Decreto nº 6.300 de 2007, o programa teve seus objetivos ampliados, incluindo a capacitação de técnicos, gestores e professores, levando à criação do Programa Nacional de Formação Continuada em Tecnologia Educacional, conhecido como Proinfo Integrado.

O ProInfo Integrado é um programa de formação voltado para o uso didático-pedagógico das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) no cotidiano escolar, articulado à distribuição dos equipamentos tecnológicos nas escolas e à oferta de conteúdos e recursos multimídia e digitais oferecidos pelo Portal do Professor, pela TV Escola e DVD Escola, pelo Domínio Público e pelo Banco Internacional de Objetos Educacionais. (Brasil. MEC, 2008).
De modo a complementar o Proinfo Integrado, nasceu o Ambiente Colaborativo de Aprendizagem conhecido como e-Proinfo, ambiente virtual colaborativo de aprendizagem que permitia a administração e o desenvolvimento de várias ações, dentre elas cursos à distância, projetos de pesquisa e projetos colaborativos, oferta de ferramentas como fóruns, enquetes, webmail, entre outros.
Após a regulamentação em 2007, uma série de programas e projetos caminham conjuntamente com o Proinfo. O Programa Mídias na Educação realizou a formação continuada de educadores para o uso pedagógico das mídias (TV e vídeo, informática, rádio e impressos). Foi desenvolvido pela Secretaria de Educação a Distância (Seed), em parceria com secretarias de educação estaduais, municipais e universidades públicas. Os módulos ofereciam três níveis de certificação, com ciclos de estudos básico, intermediário e avançado.
Em 2008, o Ministério da Educação, em parceria com o Ministério da Ciência e Tecnologia, Rede Latinoamericana de Portais Educacionais (RELPE) e Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI), criou o Banco Internacional de Objetos Educacionais. Constitui-se como um repositório que tem o objetivo de manter e compartilhar recursos educacionais digitais de livre acesso, contribuindo para fomentar o uso democrático e participativo das tecnologias na educação.
Também em 2008, o Governo Federal implementou o Programa Banda Larga nas Escolas (PBLE), lançado em 04 de abril por meio do Decreto nº 6.424 que altera o Plano Geral de Metas para a Universalização do Serviço Telefônico Fixo Comutado Prestado no Regime Público – PGMU (Decreto nº 4.769). A gestão do programa era de responsabilidade do Ministério da Educação (MEC) e da Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL), em parceria com o Ministério das Comunicações (MCOM), Ministério do Planejamento (MPOG) e secretarias de educação estaduais e municipais. Seu objetivo foi conectar todas as escolas públicas urbanas à internet por meio de tecnologias capazes de oferecer qualidade, velocidade e serviços para incrementar o ensino público no País.

O Programa Um Computador por Aluno, conhecido como PROUCA , foi instituído pela Lei nº 12.249, de 14 de junho de 2010, com o objetivo de propiciar a inclusão digital pedagógica e a propagação dos processos de ensino e aprendizagem de alunos e professores das escolas públicas brasileiras, por meio da utilização de computadores portáteis denominados laptops educacionais. Em sua segunda etapa, conhecida como UCA, buscou intensificar o uso das Tecnologias de Informação e Comunicação nas escolas por meio da doação de computadores portáteis aos alunos da rede pública de ensino. As ações complementares foram mediadas pelo MEC com a criação de laboratórios de informática e a ampliação das ações com o ProInfo Integrado para a promoção do uso pedagógico da informática na rede pública de ensino.
Apresentamos abaixo uma Linha do Tempo resumindo esta retrospectiva. É possível perceber lacunas, como as existentes entre os anos de 1988 e 1997, e posteriormente entre 2010 e 2017. Para a formulação deste conteúdo, realizamos buscas em documentos disponíveis na internet, entre publicações oficiais e relatos históricos. Não podemos afirmar, portanto, que não houve investimentos nestes períodos. Uma busca mais detalhada em registros do Diário Oficial provavelmente revelaria mais detalhes, o que poderá ser desenvolvido em pesquisas posteriores.
Criação da Secretaria Especial de Informática (SEI)
1970
1983 - Início do projeto EDUCON.
1983 - Criação da comissão especial de Informática na Educação, portaria SEI/CSN/PR 001 de 01/83.
1983 - Edital da Secretaria Especial de Informática (SEI) para implantação de centros-piloto em universidades.
1982 - II Seminário Nacional de Informática na Educação, UFBA/Salvador.
1981 - I Seminário Nacional de Informática na Educação, UNB/Brasília.
1980
1986 - Criação do Comitê Assessor de Informática na Educação de 1º e 2º graus.
1986 - I Concurso Nacional de Software Educacional.
1987 - Implantação do Projeto FORMAR.
1987 - Primeiro curso de especialização em informática na Educação, realizado na UNICAMP
1988 - III Concurso Nacional de Software Educacional
1990
1997 - Início do PROINFO
2004 - Criação do programa Rede Nacional de Formação Continuada de Professores.
2007- Ambiente Colaborativo de Aprendizagem (e-Proinfo).
2007 - Proinfo Integrado
2007 - Regulamentado pelo Decreto nº 6.300, de 12 de dezembro de 2007.
2000
2007 - Decreto Nº 6.301, de 12 de dezembro de 2007, criação do programa Sistema Escola Técnica Aberta do do Brasil (e-Tec Brasil).
2008- Criação do repositório Banco Internacional de Objetos Educacionais
2008 - Programa Banda Larga nas Escolas (PBLE), lançado em 04 de abril de 2008 pelo decreto nº 6.4210.
2010 - Lei nº 12. 249, de 14 de junho de 2010, cria o Programa Um Computador por Aluno (PROUCA).
2017- Programa de Inovação Educação Conectada
2010
2017 - Base Nacional Curricular Comum (BNCC)para o Ensino Fundamental
2018- Base Nacional Curricular Comum (BNCC) para o Ensino Médio.
Esta retrospectiva nos traz até os programas atuais do Governo Federal para inclusão das TDIC na Educação Básica lançados em 2017. O tema aparece fortemente na Base Nacional Comum Curricular, que tem no Programa de Inovação Educação Conectada sua complementariedade. Vejamos, portanto, estas duas recentes propostas do Ministério da Educação do Brasil.
BNCC e Programa de Inovação Educação Conectada
Entre dezembro de 2017 e abril de 2018, contamos com a homologação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para os ensinos infantil, fundamental e médio. O documento tem caráter normativo e define as aprendizagens essenciais a serem desenvolvidas com os discentes ao longo das etapas e modalidades da Educação Básica. Seu texto é capaz de direcionar as políticas públicas de formação de professores, produção de material didático e avaliações nacionais. Entre as competências gerais para Educação Básica estipuladas pela BNCC, a competência de número 5 toca diretamente na questão das TDIC:

Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva.(BRASIL, 2017, p.9).
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A Base Nacional Comum Curricular para Educação Infantil e Ensino Fundamental, homologada em 20 de dezembro de 2017 pelo Ministério da Educação, faz muitas referências à necessidade de letramento digital das crianças.
O discurso é construído em diferentes níveis, desde a apresentação do documento, em caráter mais geral, até o detalhamento das habilidades a serem desenvolvidas em língua portuguesa a cada ano escolar. Na apresentação da Etapa do Ensino Fundamental, lemos:
Há que se considerar, ainda, que a cultura digital tem promovido mudanças sociais significativas nas sociedades contemporâneas. Em decorrência do avanço e da multiplicação das tecnologias de informação e comunicação e do crescente acesso a elas pela maior disponibilidade de computadores, telefones celulares, tablets e afins, os estudantes estão dinamicamente inseridos nessa cultura, não somente como consumidores. Os jovens têm se engajado cada vez mais como protagonistas da cultura digital, envolvendo-se diretamente em novas formas de interação multimidiática e multimodal e de atuação social em rede, que se realizam de modo cada vez mais ágil. (BRASIL, 2017, p. 59).
O uso das TDIC na sala de aula é considerado como uma necessidade transversal, presente em todas as disciplinas, tido como ferramenta didático-pedagógica. Entretanto, recai sob a área de Linguagens, e mais especificamente em língua portuguesa, o papel de trabalhar as habilidades para produção de textos para os diferentes suportes midiáticos. Assim, coloca-se como competência específica de Linguagens para o Ensino Fundamental Compreender e utilizar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares), para se comunicar por meio das diferentes linguagens e mídias, produzir conhecimentos, resolver problemas e
desenvolver projetos autorais e coletivos.
Passamos, então, para a competência específica de Língua Portuguesa para o Ensino Fundamental, a qual deve Mobilizar práticas da cultura digital, diferentes linguagens, mídias e ferramentas digitais para expandir as formas de produzir sentidos (nos processos de compreensão e produção), aprender e refletir sobre o mundo e realizar diferentes projetos autorais. Assim, nos anos iniciais do Ensino Fundamental tem a indicação de se trabalhar os gêneros textuais próprios da web, como vlogs e tutoriais, utilizando produções em vídeo e áudio.
Para os anos finais do ensino fundamental, as habilidades ligadas ao campo da comunicação digital se tornam mais analíticas, solicitando o desenvolvimento da capacidade de observação e análise dos textos, mais do que sua produção, como vimos nos anos iniciais. Uma única observação, entretanto, faz a diferença. Onde temos a habilidade da Oralidade, é incluído o texto *Considerar todas as habilidades dos eixos leitura e produção que se referem a textos ou produções orais, em áudio ou vídeo.
Em 14 de dezembro de 2018 foi homologada a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para o Ensino Médio, completando assim o documento para toda a Educação Básica, pois seu conteúdo somou-se à base homologada em 20 de dezembro de 2017 para a Educação Infantil e Ensino Fundamental. A BNCC pretende “superar a fragmentação das políticas educacionais” (BRASIL, 2017, p.8), estabelecendo as competências, habilidades, atitudes e valores a serem desenvolvidos em cada etapa da jornada escolar. Prevista na Lei de Diretrizes e Bases Educacionais (LDB) da Constituição de 1988 e no Plano Nacional de Educação 2014-2024, a Base despertou muitos debates acerca de suas medidas e metas, levando a formulação de três versões até sua homologação, sucessivas mudanças nas equipes responsáveis pela redação, protestos e cancelamentos de audiências públicas.
De forma a demonstrar a complementariedade entre a BNCC da Educação Infantil e Fundamental e a BNCC do Ensino Médio, o documento resgata as premissas conceituais e legais que levaram a proposição das bases e reforça as competências gerais da Educação Básica, entre as quais citamos a competência 5 referente ao uso das TDIC. Em seus textos de apresentação, é repetidamente considerada a influência das tecnologias na Sociedade do Conhecimento, utilizando conceitos como linguagens multimodais (texto, áudio, imagem, vídeo, hipertexto), multiletramentos, práticas autorais e coletivas.
Mais uma vez, é função da área de Linguagens e suas Tecnologias desenvolver as competências e habilidades para o uso das TDIC, sendo incluída entre as Competências Específicas de Linguagens e suas Tecnologias para o Ensino Médio a de número 7 que afirma:

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Mobilizar práticas de linguagem no universo digital, considerando as dimensões técnicas, críticas, criativas, éticas e estéticas, para expandir as formas de produzir sentidos, de engajar-se em práticas autorais e coletivas, e de aprender a aprender nos campos da ciência, cultura, trabalho, informação e vida pessoal e coletiva.
(BRASIL, 2018, p. 482).
Cada competência específica é detalhada em habilidades, cabendo à competência 7 da área de Linguagens:
Explorar tecnologias digitais da informação e comunicação (TDIC), compreendendo seus princípios e funcionalidades, e mobilizá-las de modo ético, responsável e adequado a práticas de linguagem em diferentes contextos.
Utilizar diferentes linguagens, mídias e ferramentas digitais em processos de produção coletiva, colaborativa e projetos autorais em ambientes digitais.
Avaliar o impacto das tecnologias digitais da informação e comunicação na formação do sujeito e em suas práticas sociais, para fazer uso crítico dessa mídia em práticas de
seleção, compreensão e produção de discursos em ambiente digital.
Apropriar-se criticamente de processos de pesquisa e busca de informação, por meio de ferramentas e dos novos formatos de produção e distribuição do conhecimento na cultura de rede.
O texto da BNCC reconhece que os jovens nasceram em concomitância com a cultura digital e se insere nesse contexto como consumidores e protagonistas engajados. Nesta última etapa da trajetória escolar o foco passa a estar no reconhecimento das potencialidades das tecnologias digitais para a realização de uma série de atividades relacionadas a todas as áreas do conhecimento, a diversas práticas sociais e ao mundo do trabalho. A preocupação com o mundo do trabalho e tomada de consciência política e ética em relação ao uso das tecnologias também parece ser um dos focos da BNCC Ensino Médio:
É preciso garantir aos jovens aprendizagens para atuar em uma sociedade em constante mudança, prepará-los para profissões que ainda não existem, para usar tecnologias que ainda não foram inventadas e para resolver problemas que ainda não conhecemos. Certamente, grande parte das futuras profissões envolverá, direta ou indiretamente, computação e tecnologias digitais. (BRASIL, 2018, p. 473)
A BNCC para o Ensino Médio possui um capítulo chamado "As tecnologias digitais e computação", que contém os valores e habilidades que espera-se desenvolver nos estudantes, são eles:
Valores
Pensamento computacional: envolve as capacidades de compreender, analisar, definir, modelar, resolver, comparar e automatizar problemas e suas soluções, de forma metódica e sistemática, por meio do desenvolvimento de algoritmos;
Valores
Mundo digital: envolve as aprendizagens relativas às formas de processar, transmitir e distribuir a informação de maneira segura e confiável em diferentes artefatos digitais – tanto físicos (computadores, celulares, tablets etc.) como virtuais (internet, redes sociais e nuvens de dados, entre outros) –, compreendendo a importância contemporânea de codificar, armazenar e proteger a informação;
Valores
Cultura digital: aprendizagens voltadas a uma participação mais consciente e democrática por meio das tecnologias digitais, o que supõe a compreensão dos impactos da revolução digital e dos avanços do mundo digital na sociedade contemporânea, a construção de uma atitude crítica, ética e responsável em relação à multiplicidade de ofertas midiáticas e digitais, aos usos possíveis das diferentes tecnologias e aos conteúdos por elas veiculados, e, também, à fluência no uso da tecnologia digital para expressão de soluções e manifestações culturais de forma contextualizada e crítica
Valores
Habilidades
Buscar dados e informações de forma crítica nas diferentes mídias, inclusive as sociais, analisando as vantagens do uso e da evolução da tecnologia na sociedade atual, como também seus riscos potenciais;
Apropriar-se das linguagens da cultura digital, dos novos letramentos e dos multiletramentos para explorar e produzir conteúdos em diversas mídias, ampliando as possibilidades de acesso à ciência, à tecnologia, à cultura e ao trabalho;
Usar diversas ferramentas de software e aplicativos para compreender e produzir conteúdos em diversas mídias, simular fenômenos e processos das diferentes áreas do conhecimento, e elaborar e explorar diversos registros de representação matemática; e
Utilizar, propor e/ou implementar soluções (processos e produtos) envolvendo diferentes tecnologias, para identificar, analisar, modelar e solucionar problemas complexos em diversas áreas da vida cotidiana, explorando de forma efetiva o raciocínio lógico, o pensamento computacional, o espírito de investigação e a criatividade.
O conjunto de competências e habilidades parece condizente com as práticas comunicativas atuais, em que jovens entre 15 e 18 anos são usuários de smartphones munidos de câmera, com acesso à internet móvel e o possível uso de plataformas e aplicativos gratuitos. Mas ser um usuário não é o mesmo que ser um produtor de conteúdo, um publicador na rede. Além das habilidades críticas, destacadas na BNCC do Ensino Médio, é preciso desenvolver a capacidade técnica de uso das ferramentas. Tanto nos alunos quanto, primeiramente, entre os professores.





O Programa de Inovação Educação Conectada é uma ação conjunta entre o Ministério da Educação (MEC), Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), e tem como parceiros o Centro de Inovação para a Educação Brasileira (CIEB),a Fundação Lemann, o Conselho Nacional de Secretários de Educação (CONSED), e a União Nacional dos Dirigentes de Educação (UNDIME). Seu objetivo é apoiar a universalização do acesso à internet em alta velocidade e fomentar o uso pedagógico de tecnologias digitais na educação básica e apresenta como meta universalizar o acesso das escolas a ferramentas e plataformas digitais até 2024 e propiciar, já em 2018, acesso à banda larga de qualidade para até 22.400 escolas públicas brasileiras.
Segundo documento de apresentação do programa disponível no site do MEC, ele tem como base conceitual a Teoria das 4 dimensões (Four in Balance), desenvolvida pelo Kennisnet, organização pública holandesa dedicada à inovação das TIC no ensino primário e secundário e na formação profissional, e apresentado em estudo realizado pelo Centro de Inovação para a Educação Brasileira (CIEB), no âmbito do Guia EduTec 2016.
Os pontos trabalhados por este programa são semelhantes aos cobertos pelos demais programas do Governo Federal apresentados em nossa retrospectiva: envolvimento das redes estaduais e municipais de ensino, formação continuada de profissionais da educação, provimento de infraestruturas de rede nas escolas, produção de recursos educacionais digitais.
Um passo adiante dado pelo Ministério da Educação foi a idealização e desenvolvimento da plataforma MEC RED (Plataforma MEC Recursos Educacionais Digitais). Na plataforma, disponibilizada em novembro de 2017, é possível buscar e baixar recursos dos bancos de dados do Portal do Professor, TV Escola, Domínio Público e Banco Internacional de Objetos Educacionais; guardar recursos em coleções, encontrar materiais de formação e compartilhar experiências e arquivos. O intuito é promover a troca de conhecimentos, fazer com que os professores tenham uma fonte confiável de informação e possam otimizar o tempo que investem na busca por materiais didáticos complementares. A Plataforma foi desenvolvida numa parceria coletiva entre: Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Universidade Federal do Paraná (UFPR) e professoras(es) da Educação Básica de todo o Brasil. O MEC RED se destina a professores, alunos, gestores e demais integrantes da comunidade escolar.
